terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

8° dia, Uruguaiana à Indaial

Acordo cedo, comparado aos demais dias, tomo um ligeiro café, a cidade é muito bonita e calma, destino ? quero chegar em casa hoje! quilometragem à rodar: 1060 km, o dia está perfeito, ensolarado, mas já é possível identificar que estou no Brasil, por conta  das estradas ruins, péssimas, rodo cerca de 30 km, no meio do nada, a moto da uma engasgada, depois de uns 400 metros outra engasgada, depois de 200 mais uma e não demora ela morre e quando viro a chave, nem sinal. E agora ? Nenhum problema aparente. Olho para os dois lados da pista, nada estou a 30 km de qualquer cidade, movimento ? passou uma carreta depois de 10 minutos parado, pego o celular, sem sinal, vish.
Vejo de longe uma moto, bem devagar, fumando óleo. Peço para parar, um senhor sai da moto e me pergunta o que aconteceu, contei toda a história, e pedi ajuda para ele. Contou me que estava com pressa mas que também poderia precisar de ajuda algum dia. Depois de meia hora ele aparece, me conta que existe uma vila à alguns quilômetros,  e que a certa de 150 metros tinha um senhor que estava indo para está vila, ele tinha uma camionete e que poderia me dar carona. Empurro a moto até ele, um senhor oferece para levar a moto e eu para a vila. Chegando na vila, fomos até um mecânico, ele vem olha a moto e fala: eu não sei mexer nisso ai! não precisa nem tirar dai de cima, e agora ? aqui tem sinal de celular, ligo para a Top Car de Blumenau, me contaram que poderia ser chumbo na gasolina, devo tirar tudo e colocar outra que deve resolver o problema, tiramos, fomos para o posto, coloquei outra gasolina, viro a chave ascende as luzes e parece que vai ligar, só que não. Já são 11:00, jamais chegarei em casa hoje como foi planejado, talvez com o chumbo na gasolina a injeção não conseguia calcular a mistura e ficou nisso até acabar a bateria, é o que eu pensei, fomos para uma auto elétrica (na garagem de um cara) ele tira a bateria, da uma carga, coloca de novo, a moto liga, fico muito feliz, agradeço a todos que me ajudaram, paguei o óleo e o combustível para o senhor que me deu carona como forma de agradecimento, horas 12:00. Destino mantido: Indaial - SC. Viajo em um ritmo muito forte, parece que quanto mais rápido eu ando, mas longe ficam as cidades, na verdade é o cansaço chegando, paro para por gasolina na moto e energético em mim, repito isso durante todo o percurso, cruzo a fronteira entre RS e SC por Barracão na BR-470  sobre o rio Canoas, está escuro, desço a serra com neblina e chuva, muitas carretas, a visibilidade é muito baixa. Quando chegou na cidade Rio do Sul, me sinto em casa, porém morto de cansado, minha vontade era de ficar e ir para casa no outro dia, mas vamos seguir o planejado, mais uns 80 km e estarei em casa, não demora e a minha viagem termina, estou em Indaial horas 22:00. Estou muito feliz por ter feito essa viagem foi muito marcante e a vontade é de fazer outras. Termino com a mensagem que deixei de início, dia 9 de março de 2013 às 4:30, minutos antes de começar a viagem.


“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink

7° dia, Rosário à Uruguaiana

Acordo, tomo um café, defino meus objetivos do dia, chegar no Brasil, gostaria de conhecer melhor Rosário, mas se eu quiser chegar no Brasil hoje, vou ter que rodar bastante aproximadamente 650 km. Uma pequena volta pela cidade onde nasceu Tche Guevara. Começo o dia muito bem, parece que a bateria está com uma boa carga, vou em direção à cidade de Santa Fé, capital da província de mesmo nome, chego depois de rodar 200 km, na hora do almoço.
Vista do hotel 
Vista do hotel

Saindo de Rosário

Em direção a Santa Fé


Santa F

Cerveja Santa Fé, muito boa, recomendo.

Almoço.



Depois do almoço,  revejo o trajeto, vamos agora para a cidade de Paraná, antes de chegar, preciso atravessar o rio Paraná, fico surpreso quando descubro que é um túnel subfluvial, depois de alguns quilômetros de túnel, chego na cidade de Paraná, para para abastecer, destino agora é o Brasil. Daqui até Uruguaiana são 485 km sem nenhuma cidade no caminho, apenas um vilarejo chamado Federal, e a cidade fronteiriça Passos de Los Libres. Nesse trecho, muitos me alertaram sobre a corrupção da policia, e o pior, estou com a carta verde vencida a dois dias. O caminho é solitário a estrada é no meio de pampas, nem sinal da civilização por 400 km, são 15 horas, dia ensolarado, muitas retas..zzzZ. Pego no sono enquanto dirijo, acordei quando já estava saindo da pista, melhor parar, se esticar e esperar passar o sono. Quanto mais perto da fronteira, mais fico apreensivo sobre o policiamento, não demora muita a aparecer, a cada 30 km, uma guarita com um policial solitário, verificando o trafego, alguns até com cadeiras, sentados no meio da pista. Passo devagar por todos eles, todos ficam encarando, a tensão sobe, por sorte, nenhum me parou.
Começa a escurecer, sem sinal do GPS, algumas encruzilhadas sem sinalização, tenho dificuldades em encontrar pessoas para pedir informação. Cerca de 90 km da fronteira, vejo um caminhão do Brasil, penso, estou perto de casa, depois de trocas de buzinas, sigo o caminho mais calmo. Passo por Passos de Los Libres as 21:30, não quero entrar na cidade, passo reto, vou para a fronteira, muito mas muito caminhão e carreta querendo atravessar. Quando chego no posto policial, passam cerca de dez veículos sem serem parados, quando chega a minha vez, o guarda levanta a mão e manda encostar e mostrar os documentos, ai então ele fala: você precisa dar a saída do país, é logo ali, recebi o carimbo, agora sim, dessa vez estou fazendo a coisa certa, cheguei no Brasil.





segunda-feira, 1 de abril de 2013

6° dia, Buenos Aires à Rosário

Começo o dia com um café da manha reforçado, a diária termina às 10 horas, então não posso deixar minhas coisas no hotel, vou conhecer Buenos Aires, transito turbuleto logo pela manhã. Deixo a moto em uma praça em frente ao obelisco, são 9:00 e as lojas ainda estão fechadas, faço um tour pela cidade de moto, a casa rosada está cercada e com guardas da segurança nacional, hoje as manifestações estavam pacificas, acho que à noite que o bicho pega. Encontro a calle Florida rua com muitas lojas para turistas, preço bem salgado aqui.


















No meio da praça encontro uma creche de cachorros, você deixa sou cachorro la e vai trabalhar, interessante.


 Vou conhecer o Boca, chego com certa facilidade, procuro agora o la Bombonera, estádio do Boca Juniors. Encontro primeiro o la Bombonerita, deixo a moto para tirar algumas fotos, quando volto para a moto, quem diz que ela funciona ? Penso em deixar o motor esfriar para tentar denovo, enquanto isso dou uma volta no quarteirao e econtro o la Bombonera, não estou animado, e sim muito preocupado com a moto, volto, aperto a ignição e o motor de arranque quase não se movimenta, tento mais algumas vezes e as luzes ficam fracas, e agora ? Tento ligar para uma concessionária em Buenos Aires, não consigo completar a ligação, peço ajuda para o guarda no estádio ele também não consegue, ele pede ajuda para o treinador do time de basquete do Boca Juniors que está passando no local, ele conhece um mecãnico, chama-o.  Depois de quase uma hora o mecânico chegar, falo que acredito que o problema é a bateria, uma carga e pronto a moto liga. Agora por que a bateria arriou ? fiquei muito tempo na cidade com a moto ligada naquele transito infernal, ventuinha do radiador não desligou o dia todo, talves a bateria não estava conseguindo se carregar muito bem, não quero mais ficar, meu destino é um tiro bem longo para recarregar a bateria, vou pra Rosário. São 17:30 quando saio do la Bombonera, pego a hora do rush, o transito que era ruim fica pior, chego em Rosário as 21:30, procuro um hotel, pego o primeiro, é caro, mas estou muitoooo cansado, é este mesmo.




quarta-feira, 27 de março de 2013

5° dia, Colonia del Sacramento à Buenos Aires

Acordo e vou tomar um café no hotel, café meio fraquinho, mas pelo preço do hotel, estava valendo. Saio durante a manha para tirar fotos da cidade, cidade que foi construída pelos portugueses, parece uma fortaleza com suas muralhas e canhões.











Depois de algumas fotos, vou ao BuqueBus comprar a passagem de balsa para Buenos Aires. Confeço que não pesquisei o preço com antecedência, eu fiquei realmente assustado com o valor, U$ 140,00 dollares! e 3 horas e meia de viagem, fui obrigado a dizer não para o atentende que ao ouvir, me fala que pode me dar um desconto, pensei, safado quer extorquir o turista, U$ 110,00 é o preço final, eu já revoltado falo que não, gracias. Me resta apenas uma opção contornar o rio da Plata e o rio Uruguai, 460km de Colonia del Sacramento até Buenos Aires, nada mal, penso que estou aqui para viajar, viajar irei. Não conheço nada, cidade, rutas, esse trajeto estava fora dos planos, pergunto para as pessoas, um soldado me indica que o melhor caminho é ir até Frey Bentos e atravessar a ponte internacional entre rios.
Carmelo - Uruguai

A primeira cidade é Carmelo, cidade pequena e pacata, parecida com Indaial-SC, apenas passo, meu objetivo não é este. Depois passo por Dolores outra cidade pacata, ali encontro o senhor Perez, uma senhor muito simpático que possui o mesmo carro desde 1951, ele me conta que já lhe ofereceram U$ 14.000,00 dollares, não vendeu porque o carro é um filho para ele, me contou sobre a vida no Uruguai, e depois de meia hora sigo meu caminho, agora é para Mercedes.
Perez - E seu carro desde 1951.

Orgulhoso em dizer que nunca teve problemas com vazamentos.

Mercedes é a maior cidade que passo até então, muitas, muitas motocicletas, mas em todas o condutor sem capacete, fico com vergonha de usar, porque sou o único. Agora falta pouco devo chegar até Frey Bentos e cruzar a Argentina, me alertam que a estrada é muito perigosa, pois trafega muito caminhão, muito oleo na pista. Logo percebo isso, filas interminaveis de caminhões e carretas.
Chegando a fronteira, bate aquele frio na barriga, local cheio de policia uruguaia e argentina. Quando vou cruzar o posto, sou parado e me pedem os tramites, perguntei: que es eso ? Me respondem que é o documento para atravessar a fronteira, devo fazer no posto da fronteira, vou até outra guarita para fazer o tramite. Quando chego na guarita, me pedem meus docs e o tramite de entrada no Uruguai, respondo: que tramite de entrada ? ai cai a minha fixa, eu deveria ter dado entrada no Uruguai quando atravessei a fronteira no Chui. E agora ? A moça vai para dentro de um escritório, volta depois de alguns minutos e fala: Temos um problema, você pode me acompanhar ? (vixx... e agora que que eu faço ?). Chegando, me falam que estou ilegal no país, que tenho duas opções, voltar por onde entrei ou pagar uma multa. Pago a multa de U$45,00 dollares e me mando para a Argentina.



Estradas perfeitas, as pistas todas duplicadas ou até triplicadas em boa parte, pontes enormes. Ao chegar na província de Buenos Aires o transito começa a fica mais intenso, as pistas triplicadas logo viram 4, velocidade máxima aqui é 130 km (hehehe..), vejo um outdoor escrito: sinalize suas decisões, utilize as setas ao mudar de faixa. Logo percebo que os argentinos dirigem mal, levo uma fechada atrás de outra. Cinco pistas! todas lisinhas, não demora muito, seis pistas, e logo mais, sete pistas, aqui você pode costurar todas elas, uma beleza. Buenos Aires, fantástica, o transito ? uma merd... Avenida mas larga do mundo, 9 de julho (chega a 140 metros de largura). Porém cada pista individualmente é muito estreita, nao existe espaço para um corredor de motos, você tem que serpentear entre os carros, sem muito sucesso você fica preso entre eles no transito infernal.
Procuro um hotel, existem muitos, a maioria é sem estacionamento, e o resto está sem quartos disponíveis. Deixo minha moto em um estacionamento e vou procurar a pé, ando várias quadras até econtrar um, deixo minha mochila no saguao e falo que vou buscar minha moto, ela está a 3 quadras.
Quando vou contornar a quadra para poder entrar, é tudo mão única aqui, me deparo com uma barricada da policía, manifestações contra o governo, tento outro caminho, mais barricada, dou uma volta na praça, o que é isso ? populares me contam que o novo papa é argentino, as ruas se enchem de gente, e onde é mesmo o hotel ? qual o nome dele ? qual o nome da calle (rua)? Estou perdido em Buenos Aires, e melhor sem a minha bagagem, hora ho rush, anoitecendo, decido deixar a moto e procurar a pé, depois de quarenta minutos, encontro o hotel, ufa, volto para buscar a moto e vou empurrando a na contra mão. Um bom banho quente, hoje o dia foi difícil, vou dar uma volta no centro, encontro mais brasileiros, a maioria das lojas estão fechadas por causa das manifestações, vidraças quebradas, aqui houve confronto com a policía hoje, vou para o hotel, chega por hoje.


Avenida 9 de julho, a mais larga do mundo.